“Como você consegue se adaptar, depois de tantos meses no mar?”. Em seu novo relato sobre barcos e viagens, Amyr Klink confessa não conseguir deixar de se espantar com essa pergunta “típica de desmiolados que imaginam haver no mar tempo sobrando para fazer filosofia”. E basta singrar as páginas de suas novas memórias afetivas – um afeto por homens e barcos (nessa ordem, sem a menor dúvida) – para partilhar do espanto de um autor cada vez mais direto e incisivo ao discursar sobre suas paixões. A história em torno da qual giram as várias outras histórias deste livro é a da construção, lançamento e navegação do Paratii 2, “um barco simples como canoa e cargueiro como navio”. E a busca dessa simplicidade e dessa amplidão demanda um tempo que no mar é sempre escasso, um tempo que aflige enquanto não produz resultado, mas que permite armazenar na memória tudo que contribuiu para que o barco de Amyr fosse o mundo – repleto de tipos antológicos, apetrechos insuspeitados, como um “enganchador de moças” e “bichos peçonhentos” perfuradores de dedos aventureiros, e momentos de tensão em que dez segundos podem decidir o destino do navegador. O leitor acompanha o nascimento do interesse de Amyr pelos barcos, sua paixão pelas canoas de Paraty, as leituras desfrutadas no sótão e as histórias recolhidas pelo mar. Testemunha também as pesquisas, os testes e as viagens empreendidas para realizar o sonho de um barco capaz de ar anos inteiros nas terras geladas da Antártica e levar na tripulação crianças e suas fantasias infantis. O novo livro de Amyr Klink traz um barco como tema, mas o homem é o porto. E, como toda boa história marítima, tem até tesouro enterrado.
O Autor (Por Daniela P. Zaccarelli)
O esporte sempre esteve presente em sua vida. Foi remador pelo Clube Espéria entre 1974 e 1980. Em 1974 Amyr viajou para a Patagônia de moto. Em 1978 ele remou sozinho em uma pequena canoa de Santos á Paraty. Em 1980 ele velejou entre Santos e Salvador durante 22 dias em um Catamarã. Em 1982 ele velejou entre Salvador, Fernando de Noronha e Guiana sa. O objetivo foi pesquisar as correntes marinhas desta área para poder se preparar para seu primeiro projeto audacioso: A viagem solitária a remo pela agem do Oceano Atlântico.
Em 1984 Amyr foi o primeiro homem a atravessar a agem do Oceano Atlântico a remo sozinho. Ele deixou a Namíbia na África rumo a Salvador no Brasil. Ele ou cem dias e remou 7.000 km. Esta emocionante viagem pode ser lida no livro “Cem dias entre o céu e o mar”
Em dezembro de 1989 Amyr iniciou p projeto “Inverno na Antártica”. Nesta viagem o navegador ou 642 dias (22 meses) velejando sozinho. Ele cobriu uma distância de 50.000 milhas entre o Brasil e a Antártica a bordo do veleiro Paratii. Ele ou todo o inverno antártico (6 meses) preso no gelo e esta viagem está relatada nos livros “Paratii – entre dois pólos” e “As janelas do Paratii”.
Em 1992 o aventureiro participou de uma navegação terrestre pela costa brasileira com mais 2 companheiros. Em 1993 ele refez este trajeto, porém agora em uma asa-delta motorizada.
Amyr casou-se em 1996 com Marina Bandeira e e tem 3 filhas, as gêmeas Tâmara e Laura e a caçula Marininha. Em 1998 o navegador iniciou o projeto “Antarctica 360º”. Ele deu a volta ao mundo pela rota mais curta, porém mais perigosa do planeta, o circulo polar antártico. Durante 79 dias Amyr enfrentou os mais perigosos mares do sul totalmente sozinho a bordo do Paratii. O livro “Mar sem Fim” relata mais esta aventura.
Nos últimos 8 anos Amyr vem se dedicando ao seu mais novo projeto: a construção de uma barco de maior porte, o Paratii 2. Este novo barco é idealizado pelo navegador para ser uma plataforma de trabalho. Com ele, Amyr pretende dar a volta ao mundo por uma rota não convencional, pela agem nordeste do Ártico, ando pela China e retornando ao Brasil em 2005. Desta vez, o navegador pretende levar tripulação.